Casino Lisboa
Como vos tenho dito a época está propícia à cultura. Depois dos funerais vem a bonança. E a bonança vem sob a forma de audiências e pela mão do casino. Claro que eu fui convidado para a inauguração e claro que fui cumprir com todo o rigor a minha função de assessor cultural e o meu dever de estar presente em todas as ocasiões que sejam determinantes para a vida cultural do país. Enquanto o Purfeçor foi para o teatro de guerra eu fui para o teatro da vida. Muitas pessoas mal informadas dizem que o jogo não é uma actividade cultural. Pois há imensas evidências na história do Homem que nos confrontam com a importância do jogo na história da cultura e na evolução da Humanidade. Alguém disse, não tenho aqui à mão quem, que a Vida é um jogo. Outro alguém disse: a Política é um jogo. Outro disse que o Amor é um jogo. Outros disseram que o Trabalho é um jogo, que o Estudo é um jogo, que o Poder é um jogo, que o Futebol é um jogo, que a Literatura é um jogo, que a Medicina é um jogo, que a Guerra é um jogo, que a Justiça é um jogo, etc., etc. Muitos outros jogos haveria mas penso que estes são suficientes para perceberem onde quero chegar. Faz, portanto todo o sentido que se dê ao jogo a importância que ele tem. Um grande casino em Lisboa é apenas o início. Além do aspecto cultural, este casino criou quinhentos postos de trabalho directos. Com apenas mil casinos espalhados pelo país - um mísero quarto de casino em cada freguesia - acabava com o desemprego em Portugal. Aproveitando as sinergias poderiam incentivar-se os reformados a frequentar os casinos juntando-lhe assim a função de centros de dia e lugares seguros onde os mais idosos estivessem a salvo dos assaltantes. Por outro lado - ou pelo mesmo - os assaltantes também se sentiriam tentados a frequentar os casinos ficando assim integrados e afastando-se da vida de delinquentes. É, de facto, um novo mundo que se abre. Fiquei fascinado com o lugar. Em todos os aspectos. Diria que me senti em casa. A minha marquise oval, que inovadoramente construí em Belém, serviu de exemplo a esta grandiosa e gigantesca marquise onde os portugueses se vão sentir em casa e onde se vão deleitar com uma diversidade extraordinária de formas de colaborar com o governo na redução do deficit - o que ainda os fará sentir-se mais em casa. Mas confesso que o que me impressionou mais foi a marquise. È que não me esqueço que neste lugar estava o Pavilhão do Futuro: que melhor futuro que uma marquise cheia de slot-machines?
Joaquim (assessor)
0 Comments:
Post a Comment
<< Home