Tuesday, June 20, 2006

Desígnio nacional

Já me estou a fartar das pessoas que andam a falar contra a mobilização geral à volta da selecção. Dizem que agora só se fala em futebol e que ninguém fala de mais nada. Mas então queriam que se falasse de quê? Se não se falar de futebol agora vai ser quando? Nas férias? É pá as coisas têm que ter peso e medida. Se agora é altura de campeonato é agora que se fala e não quando acabar. Eu só não pus uma bandeira na janela da minha marquise oval porque aqui em Blãe já é costume haver bandeiras todos os dias.

Hoje eu queria realçar a importância que tem para o país a hipótese de sermos campeões mundiais de futebol. Muita gente estava a pensar que com investimento se conseguia pôr os miúdos a gostar de matemática. Estava tudo já a imaginar o ministério da educação a gastar rios de dinheiro para fazer os 'putos' perceberem alguma coisa de números. Ora, o sucesso da selecção virá mostrar que cada povo tem que seguir a sua vocação. Assim como eu tenho vocação para assessor e o Professor tem vocação para presidente, também os miúdos portugueses têm especial vocação para futebolistas.

O mal da nação está em os governos quererem sistematicamente imitar os estrangeiros. Lá porque os miúdos de Singapura são bons a matemática logo que nascem, isso não quer dizer que agora os miúdos portugueses têm que o ser também em vez de seguirem as suas vocações específicas.

É o mesmo que lá porque há universidades japonesas em que aparecem gajos com os olhos em bico a querer aprender literatura portuguesa não é por isso que agora nós cá temos que obrigar os miúdos a apanharem esgotamentos a ler os Lusíadas e outras coisas ainda piores como os Maias que está provado só servem para produzir intelectuais de esquerda. Eu até que sou de esquerda mas como sou democrata acho que temos que respeitar as opiniões de todos em vez de obrigar as pobres criancinhas a ficar traumatizadas com conhecimentos que nem lhes passam pela cabeça. Além disso os nossos miúdos são muito inteligentes e desde cedo percebem que não há estudo que valha o que se ganha como jogador de futebol. Que fiquem nas profissões de baixo rendimento os tristes dos povos subdesenvolvidos que não têm cabeça para mais.

É portanto com muita alegria que estou na expectativa de sermos campeões do mundo. Se esta nossa vocação for bem gerida poderemos passar a ser reconhecidos mundialmente como uma potência. A Finlândia que se fique lá com os seus telemóveis que nós temos o 'know how' de como bem futebolar em toda a terra. Já estou a imaginar as academias portuguesas - e aí tenho que tirar o chapéu ao sporting pela visão que teve ao criar a academia de Alcochete - a produzirem fantásticas e arrebatadoras jogadas de laboratório para vender aos estrangeiros eternamente atrasados nestas questões. É portanto um dever patriótico apoiar a selecção. Hoje somos vinte três, amanhã seremos milhões.

Joaquim (assessor)

(Dezignio nassional aqui)

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