Monday, February 13, 2006

D&N

Meus caros concidadãos, depois de alguns dias de muito empenho em estudos aprofundados sobre a questão dos necessitados e dos desfavorecidos, que passarei por facilidade de escrita a chamar simplesmente D&N, volto ao vosso convívio com mais meditações e conselhos que eu sei voz fazem muita falta. Aproxima-se a data da tomada de posse e confesso que ando um bocadinho nervoso. Nada que uma leitura de um número da Xis não resolva. Hoje um amigo deu-me a ideia de convidar a minha amiga e eis colega Aurora Tomás para minha assessora na assessoria que vou fazer ao Professor. Amanhã vou ter uma reunião com o Professor e já lhe vou sugerir este nome, já que, apesar do desemprego, não está fácil de arranjar assessores de qualidade, já que a maioria dos candidatos nem sabe usar um computador na óptica do utilizador. O grosso dos especialistas em 'Excel' está na procuradoria da República a tentar decifrar a disquete da PêTê. É essa aliás a razão porque o tio Belmiro fez a OPA para a PêTê. Uma OPA sempre encobre qualquer coisa. Na minha meditação de hoje quero dar-vos mais umas achegas às noções básicas da minha teoria D&N. E hoje vou falar-vos dos mais necessitados. Desde o início dos tempos nós sabemos e temos conhecimento que os governos se preocupam prioritariamente com os mais necessitados. Como diz o Professor quando tenta ser coloquial, reparem em como esta postura dos governos é inteligente. Se os desfavorecidos são, digamos assim, favas contadas, os necessitados podem ser assistidos de acordo com as suas necessidades. Um necessitado normal considerasse satisfeito com, por exemplo, um Audi A3. Um necessitado que precise de um BMW já é mais necessitado. E um necessitado que só fique bem com um Ferrari é ainda mais necessitado. Os governos dedicam-se prioritariamente a estes mais necessitados e assim conseguem manter a harmonia das nações. Se quiserem ter a gentileza de observar os factos que todos os dias nos chegam dos vários países do mundo, hão-de notar que os conflitos começam precisamente quando os governos, por razões difíceis de entender dão prioridade aos menos necessitados ou, ainda pior, aos desfavorecidos. Este é, grosso modo, o núcleo central da minha teoria D&N que pela primeira vez se propõe descrever o mundo tal e qual ele é em vez de estar com rodeios e paninhos quentes. E agora para terminar deixo-vos uma pergunta de cultura geral para estimular os vossos cérebros: qual é o país cuja capital faz dores de cabeça à Dinamarca? O primeiro a responder certo tem direito a um livro com música.

Joaquim (assessor)

Wednesday, February 08, 2006

Thereza Hum

Sinto que estavam à espera que eu fosse falar da amigável Opa do tio Belmiro. Acontece que eu não me movo por oportunidades mediáticas. Sou eu que estabeleço o meu próprio calendário de prioridades. E neste momento estou debruçado sobre um assunto de grande alcance epistemológico. Num certo sentido estou a elaborar um esquema sócio-económico com implicações semelhantes às que Carlos Marques elaborou no século dezanove e que, por estarem mal engendradas tiveram os caprichosos efeitos que todos conhecemos. Enquanto o Sr. Professor se inspira no Silvester para preparar o conjunto de estudos que o vão levar inapelavelmente ao Nobel eu concentro-me numa nova, prometedora e fecunda teoria social que vai revolucionar a maneira como vemos o mundo. Aliás o ambiente de profundo espírito investigativo está a contaminar todo o 'staf' de assessores do Professor. A ideia base é de que agora ou vai ou racha. Resolvemos todos, por solidariedade com o Benito Silvio abstermo-nos de sexo até à tomada de posse. Comprei um 'i-pod' para a Umbelina e ela anda com aquilo enfiado nos ouvidos e nem se lembra de mais nada. Talvez por isso ela não tem postado nada ultimamente. Mas vamos ao que interessa. (Não vem a propósito mas ouvi dizer que o presidente do Benfica contratou uma chinesa para cozinhar para o plantel inteiro. Chama-se Thereza Hum e veio directamente de Cantão. Espero que com isto as coisas melhorem para o meu clube de sempre). A minha teoria que hoje vai servir de meditação é uma consequência de reflexões muito insistentes sobre a questão dos desfavorecidos. Como sabem a questão dos desfavorecidos é muito recorrente nos meus pensamentos. Mas, e há sempre um mas, para mim a questão dos desfavorecidos é um assunto resolvido: existem, gostamos muito deles, são muito importantes para nós, mas não são, digamos assim, um problema. Os desfavorecidos caracterizam-se precisamente por não trazerem problemas a ninguém. Hora o que me ocorreu, num rasgo de génio, foi pensar: e os outros? e os que não são desfavorecidos? sim? nós? os que não somos desfavorecidos, essa massa imensa de não desfavorecidos o que somos então? Hora aí é que eu descobri, por um acaso, reconheço, por pura serendipidade, que nós, os outros, os que não somos desfavorecidos, graças a Deus, somos os necessitados! A teoria que estou a elaborar divide o mundo em desfavorecidos e necessitados. Os primeiros, como já disse, não são um problema, não exigem, não pedem, contentam-se com pouco e sabem há muito tempo que tiveram azar, nasceram no lado errado da história. Nós os necessitados, pelo contrário, temos muitas necessidades. Todos os dias precisamos de coisas novas, de comer, de beber, de gasolina no carro, etecetera, etecetera. Toda a gente sabe as necessidades que nós os necessitados temos. Só mesmo um desfavorecido não saberá as necessidades que nós temos. Se olharmos para o mundo com esta dicotomia (adoro a dicotomia) que não é bem a dialéctica marxista, vemos que se continuarmos a satisfazer as necessidades dos necessitados o mundo pode melhorar significativamente. O aumento de desfavorecidos também tem impacto global pois faz reduzir os necessitados e concomitantemente permite distribuir melhor os recursos existentes pelos necessitados que de facto precisam. Esta meditação já vai longa mas prometo voltar a ela noutra oportunidade à medida que as minhas investigações se forem tornando mais aprofundadas. Então boas noites a todos os necessitados delas.

Joaquim (assessor)

Sunday, February 05, 2006

Caricaturas

Tenho que reconhecer que esta semana não foi nada positiva. Ontem até o 'blogspot' pifou. Perdi um texto e uma série de comentários que, como sempre, revelavam uma extrema actualidade e pertinácia. Mas hoje não vou falar disso porque me quero dedicar exclusivamente à meditação. Hoje o assunto é ainda mais sério do que habitualmente. Eu sou contra as caricaturas. É uma questão de princípio. E sendo contra uma caricatura sou contra todas as caricaturas. Quando eu era criança brincava com caricas. Não havia 'playstations' e a gente tinha que se contentar com as tampas das cervejas e das coca-colas. Mas agora esta brincadeira com as caricaturas de profetas já é mais complicado. De facto eu já me tinha perguntado como é que conseguiam arranjar tanta virgem para tanto suicida. Aqui no ocidente ia ser muito difícil. Mas lá o oriente deve ser mais fácil. Elas andam sempre com a cara tapada e os pais delas têm cá uma fuças que a coisa não promete nada. Talvez por isso eles tenham assim umas quantidades extras te virgens. Mas mesmo assim a coisa tinha que acabar. Mas não é essa a questão. A questão é mesmo as caricaturas de pessoas e coisas sagradas. Eu sou contra. Até peço desculpa se ofendi alguém ao deixar há dias o Sr. Professor pôr aqui o Silvester. É que há pessoas que adoram gatos. Sei lá, podiam não gostar de ver o seu gato sagrado numa caricatura. Mas já que falo do Sr. Professor devo dizer que para mim é sagrado e se alguém fizer alguma caricatura dele é bom que ponha a sua embaixada bem guardada. Aliás, eu hoje era para não postar porque tinha combinado ir atirar umas pedradas à embaixada da Dinamarca. Mas a Dina esqueceu-se de marcar e acho que já não tinha lugar. Até já tinha alugado umas barbas como as da vida de brian para não destoar do conjunto. Era eu ainda bebé pequenino quando o meu pai me levou para a 'manifa' contra o 'je vous salut marei'. Fiquei a gostar da coisa e depois disso não tenho perdido nenhuma. Mas o fundamental desta questão é que devemos acabar de vez com as caricaturas. É que antes de fazer a caricatura devemos ver se o que vamos caricaturar é sagrado para alguém. E se repararem é sempre. Caricaturar o trabalho. Não porque o trabalho é sagrado. Caricaturar o dinheiro. Não porque o dinheiro é sagrado. O sono é sagrado. O descanso é sagrado. Qualquer coisa que a gente pense é sagrada para alguém. Por isso o melhor é não fazer caricaturas. É que também se uma coisa qualquer não for sagrada para alguém, porque é que haveria de se fazer uma caricatura com ela? Quod era demonstratum (até pareço o paxeco pareira - o gajo que consegue vender tudo o que regurgita ). Por tudo isto dou aqui início a um abaixo assinado para criar uma associação internacional anti-insultos caricaturais (aiaic). Esta multinacional internacionalista destina-se a juntar fundos pra auxiliar as vítimas das caricaturas. A AIAIC vai brevemente abrir uma conta poupança habituação na delegação do bcp em Genébra e divulgar o número para onde os eventuais interessados poderão enviar a sua contribuição que desde já agradecemos. Por um mundo livre de caricaturas. Contribua. Os caricaturados agradecerão. Bem hajam.

Joaquim (assessor)