Saturday, April 29, 2006

Hipocondria

Debatidos os instintos fermentes
Repassadas as mortais condições
Enjaulados os gritos impotentes
Rasgadas as letais combinações


Empalados na intima firmeza
Deputados de ausente votação
Confortados em torpe sobremesa
Irmanados na busca da ração


Sublimados em câmaras ardentes
Açoitados por mil indignações
Resmungados insultos entredentes
Temendo as actuais inquisições


Foram todos levados em beleza
Descartados de toda a maldição
Devotados obreiros da grandeza
Mártires orgulhosos da Nação.


Umbelina

Friday, April 21, 2006

Casino Lisboa

Como vos tenho dito a época está propícia à cultura. Depois dos funerais vem a bonança. E a bonança vem sob a forma de audiências e pela mão do casino. Claro que eu fui convidado para a inauguração e claro que fui cumprir com todo o rigor a minha função de assessor cultural e o meu dever de estar presente em todas as ocasiões que sejam determinantes para a vida cultural do país. Enquanto o Purfeçor foi para o teatro de guerra eu fui para o teatro da vida. Muitas pessoas mal informadas dizem que o jogo não é uma actividade cultural. Pois há imensas evidências na história do Homem que nos confrontam com a importância do jogo na história da cultura e na evolução da Humanidade. Alguém disse, não tenho aqui à mão quem, que a Vida é um jogo. Outro alguém disse: a Política é um jogo. Outro disse que o Amor é um jogo. Outros disseram que o Trabalho é um jogo, que o Estudo é um jogo, que o Poder é um jogo, que o Futebol é um jogo, que a Literatura é um jogo, que a Medicina é um jogo, que a Guerra é um jogo, que a Justiça é um jogo, etc., etc. Muitos outros jogos haveria mas penso que estes são suficientes para perceberem onde quero chegar. Faz, portanto todo o sentido que se dê ao jogo a importância que ele tem. Um grande casino em Lisboa é apenas o início. Além do aspecto cultural, este casino criou quinhentos postos de trabalho directos. Com apenas mil casinos espalhados pelo país - um mísero quarto de casino em cada freguesia - acabava com o desemprego em Portugal. Aproveitando as sinergias poderiam incentivar-se os reformados a frequentar os casinos juntando-lhe assim a função de centros de dia e lugares seguros onde os mais idosos estivessem a salvo dos assaltantes. Por outro lado - ou pelo mesmo - os assaltantes também se sentiriam tentados a frequentar os casinos ficando assim integrados e afastando-se da vida de delinquentes. É, de facto, um novo mundo que se abre. Fiquei fascinado com o lugar. Em todos os aspectos. Diria que me senti em casa. A minha marquise oval, que inovadoramente construí em Belém, serviu de exemplo a esta grandiosa e gigantesca marquise onde os portugueses se vão sentir em casa e onde se vão deleitar com uma diversidade extraordinária de formas de colaborar com o governo na redução do deficit - o que ainda os fará sentir-se mais em casa. Mas confesso que o que me impressionou mais foi a marquise. È que não me esqueço que neste lugar estava o Pavilhão do Futuro: que melhor futuro que uma marquise cheia de slot-machines?

Joaquim (assessor)

(Casino original)

Tuesday, April 18, 2006

Indignação

Hoje estou indignado! É que já não abastava a trabalheira que tem sido arejar o palácio para ver se saem as preocupações que o outro cá deixou e agora ainda vêm com esta história dos senhores deputados e das senhoras deputadas não poderem ausentar-se mais cedo para ir para a terrinha recolher-se com a família para a santa Páscoa. Os senhores dos jornais, que eu respeito muito, mas que sem lhes faltar ao respeito, tenho que dizer que são uns ateus e não respeitam as tradições nacionais. A Páscoa é Sagrada. Há anos que eu digo isto aos que me são mais próximos e todas as evidências me têm dado razão. O nosso povo, que nos elege tem como lema há milhares de anos Deus, a Pátria e a Família. Estas são as bases, os fundamentos da nossa sociedade. Todos sabemos que o verdadeiro português costuma chegar tarde ao trabalho. Porquê? Para estar mais tempo com a Família. Sai cedo do emprego. Porquê? Para ir para ao pé da Família. Fica de baixa muito tempo. Porquê? Para estar mais tempo com a Família. Faz muitas pontes. Porquê? Para ir à igreja rezar. Para fazer penitência. Os jornais deturpam as coisas. A nossa imprensa julga que tem o rei na barriga. Mas não tem. E o povo que é inteligente paga-lhe da mesma moeda: não compra jornais; não lê jornais; está-se nas tintas para os jornais. Mas fica contente por saber que os seus eleitos vão também mais cedo para casa para estar com a Família e vão à terrinha para passar em recolhida penitência a Quaresma, e partilhar com os seus a alegria da Ressurreição. Temos que ver o alcance Patriótico deste esforço dos senhores deputados e das senhoras deputadas e mesmo dos outros que não são senhores nem senhoras. Esta integração na sociedade é perfeita e radica na natureza verdadeiramente popular da nossa assembleia. Os nossos representantes são a imagem real e verdadeira do nosso povo, empenhados em todos os sentidos em aproximar a sociedade de Deus, em fazer uma Pátria próspera e ter uma Família unida e feliz. Os senhores dos jornais é que me indignam ao não darem o devido valor ao empenho dos nossos dignos representantes. Mais valia que falassem das resmas de preocupações que anterior inquilino de Belém aqui deixou. Já teve que cá vir a desratização quatro vezes. E é por essas e por outras que o Purfeçor ainda só teve tempo para fazer uma saidita. Se ele fizesse umas corriditas à beira Tejo as pessoas ainda o viam, mas ele não é pessoa para ir para a rua correr e deixar a casa por aspirar. Eu é que, apesar de indignado não me posso queixar. Hoje fui a um funeral de arromba e voltei a aparecer na televisão. Até parecia a transladação da fadista. Assim sim, é coisa que se veja. Estou em crer que por estes dias vou aparecer mais vezes na televisão, o que é bom para os meus fãs e para a minha popularidade, porque acho que vão fazer como quando morreu o jogador do Benfica e vão homenageá-lo enquanto render e como sou assessor cultural estou sempre nestas coisas que trazem muita cultura ao povo. Como dizia o nosso antes do anterior primeiro ministro: há males que se vêm por bem.


Joaquim (assessor)

(versão original)

Tuesday, April 11, 2006

Ontem enquanto andava lá pelo hospital a ver as criancinhas a tentar animar o Professor fui pensando em arranjar maneiras de ajudar as pessoas que procuram ajuda aqui no blogue. E foi mesmo à entrada da enfermaria que tive a Heureca. É cada vez mais frequente aparecerem-me aqui questões do Google, do Pesquisa.sapo, do Busca.iol, do Search.yahoo, do Search.msn, etc. que eles não conseguem resolver e mandam para o meu blogue. Seu fosse outro, estava-me nas tintas e deixava que se amanhassem. Mas como sou eu e não gosto nada de ver as pessoas enrascadas resolvi criar um serviço que pudesse corresponder às necessidades daqueles que andam perdidos na net. Assim, a partir de hoje passo a, sempre que puder deixar aqui verbetes especializados que respondam a questões prementes.


1. Imagino a ansiedade de alguém que vai ao Google e lhe pede:

"http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Esplicar como fazer um desenho de futebol&btnG=Pesquisa%20Google&meta="

É extraordinário que nunca me tinha passado pela cabeça que alguém fizesse uma pergunta destas ao Google. Pois a resposta é relativamente simples: como o futebol é uma coisa difícil de explicar e as pessoas geralmente não percebem o melhor é mesmo fazer um desenho. Para explicar como fazer um desenho eu tinha que fazer um modelo tridimensional o que não dá para fazer aqui no blogue. Mas penso que o leitor já percebeu onde eu quero chegar.

2."http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=praia com jente nu &btnG=Pesquisa%20Google&meta="

Bom, este é um assunto que eu diria candente. A gente pode sempre pensar que há gente nua em muita praia. Por aqui eu indicava o Meco mas mais lá para o verão. Ainda assim é preciso ter cuidado com os ultra-violetas que se vêm do sol e fazem mal à pele.

3. "http://search.msn.com.br/results.aspx?q=bolça de agua quente é bom para quê"

Para terminar por hoje tenho esta questão que certamente a maioria dos leitores se põe. De facto uma bolsa de agua quente não é boa para nada. O que é bom mesmo para quase tudo é uma bolsa bem cheia de dinheiro.


Joaquim (assessor)

Sunday, April 09, 2006

Escritor fantasioso

Thursday, April 06, 2006

I love cinema

Queria deixar aqui uma palavra de agradecimento aos inúmeros fãs que me têm incentivado a participar no Escritor Fogoso. Eu compreendo a vossa ansiedade e o vosso entusiasmo mas dadas as minha actuais funções não devo participar em iniciativas desta natureza. Assim sendo tenho que vos anunciar que desta vez não vão puder contar com a minha prosa. E bem sabem como me seria grato participar num evento destes. Primeiro porque desde criança sou um verdadeiro aficionado do cinema, segundo porque sempre tive uma veia de argumentista e terceiro porque me fascina o poder das imagens. Ao longo da minha jovem vida vi milhares de películas, mais na televisão que nos cinemas por uma questão estratégica. Em casa a gente pode ir vendo o filme e mandando umas bocas, pode dar um salto aos outros canais, e assim, e voltar só quando estão a acontecer coisas importantes. No cinema é uma seca. A gente tem que estar quieto e calado o tempo todo senão há sempre um impertinente a incomodar. Não há pachorra. A única coisa que ainda me leva ao cinema são as pipocas. De facto com um bom barril de pipocas e uma cola a gente sempre se aguenta no mausoléu. Dá até uma certa emoção sentir os sapatos a colar na goma que está no chão. Mas mesmo assim, bom mesmo é ver 'dêvêdês'. principalmente aqueles que cresceram com o tempo. Quando era nas salas duravam hora e meia e ainda tinham desenhos animados. Agora o mesmo filme vem numa caixa com sete discos num total de quinze horas. É só ganhar. Um trás a versão 'remenstruada', outro a versão do realizador, outro o 'meiqueofe', outro o 'meiqueápe', outro as entrevistas dos actores, e os outros três são versões para 'cáraóque', 'peixteichon' e receitas de pipocas. Vivemos mesmo num mundo novo admirável.

Joaquim (assessor)

Monday, April 03, 2006

Trezentas e trinta e três

Antes de mais quero apresentar-me. Sou o Pilata Amalelo, alcunha de rede, de Zeferino Zito, primo quase direito do assessor Joaquim Zito, proprietário deste blogue. Como lhe dou apoio informático autorizou-me a dar aqui, de vez em quando a minha opinião sobre o que me apetecesse desde que respeitasse as regras da boa educação, do decoro e, acima de tudo, da gramática. Claro que ele fez isto porque não está para me pagar as centenas de vezes que me chama pelas mais absurdas razões. E pensa que assim me compensa da trabalheira que me dá. Mas a verdade é que estes gajos mal chegam à política não sei o que é que lhes dá que passam a ter comportamentos estranhos. O Joaquim até era um gajo relativamente normal e agora está intragável. Se ele não me tivesse sujeitado à tal regra do decoro eu hoje falava era da Cátia que ele arranjou para estagiar lá no tasco dele, hehehehe, mas não pode ser. Por isso vou falar das trezentas e trinta e três medidas. Pois o facto é que até podem ser boas mas não podem ser eles a fazer isto. Não está certo. Isto é pura corrupção. Medidas destas estão as ser-nos roubadas a nós que somos verdadeiramente de direita. Estes gajos estão a lixar o sistema político todo. Eu voto sempre na extrema direita, vou às manifas contra tudo o que é esquerda, estou sempre a gritar contra os funcionários públicos e a favor da privatização e de menos estado e agora vêem estes tipos e roubam-nos as ideias, tiram-nos o pão da boca. Assim não pode ser, sou contra, porra, sou contra.

Pilata Amalelo