Wednesday, June 28, 2006

Quartos de final

Meus caros amigos tenho que reconhecer que me deixei empolgar pela bola. Onde quer que vá já percebi que o melhor tema para nos darem atenção é falar de futebol. A isto chamo eu democracia. Todas as pessoas participam e estão informadas e até dão opinião mostrando uma literacia futebolística que faz inveja à maioria dos Europeus. Vou propor ao Professor que se faça um referendo ao Scolari no caso de haver dúvidas sobre se ele deve ou não continuar a ser seleccionador nacional da selecção. Isto é um caso de patriotismo que deve ser acompanhado pelas mais altas instâncias. No caso de haver dúvidas até se pode nacionalizar o Scolari. No caso de ele ganhar o mundial até proponho que seja entronizado rei de Portugal com o nome de Pedro sexto porque também veio do Brasil salvar a pátria do liberalismo selvagem.

Mas voltando ao futebol tenho que mostrar a minha admiração pelos Alemães que resolveram guardar como relíquia a porta chutada pelo Zidane. Assim em vez de fazerem o jogador pagar uma porta nova vão tornar aquele balneário um lugar de peregrinação e tornar a porta muito rentável. Eu penso que Portugal deveria imitar estas decisões inteligentes. A perna do Ronaldo com as nódoas negras dos pitões Holandeses poderia servir para fazer uma exposição itinerante e juntar dinheiro para fazer mais dez estádios. Se fosse um holandês a levar uma patada o Ronaldo eles haveriam de emoldurar a perna do gajo para melhorar a balança de pagamentos. Haviam de fazer pirraça aos Alemães: vocês têm uma porta chutada pelo velho Zidane e nós temos um presunto pisado pelo Ronaldo.

Há muitas coisas que nós ainda temos que aprender para competir em pé de igualdade com os outros países Europeus. Hoje queria deixar aqui já uma meditação para os próximos dias como preparação para o jogo com a Inglaterra para o caso de a gente já não se ver antes: que por razões de justiça divina ganhe o país com PIB mais pequeno.

Joaquim (aceçor)

(cuartos dafinal)

Tuesday, June 20, 2006

Desígnio nacional

Já me estou a fartar das pessoas que andam a falar contra a mobilização geral à volta da selecção. Dizem que agora só se fala em futebol e que ninguém fala de mais nada. Mas então queriam que se falasse de quê? Se não se falar de futebol agora vai ser quando? Nas férias? É pá as coisas têm que ter peso e medida. Se agora é altura de campeonato é agora que se fala e não quando acabar. Eu só não pus uma bandeira na janela da minha marquise oval porque aqui em Blãe já é costume haver bandeiras todos os dias.

Hoje eu queria realçar a importância que tem para o país a hipótese de sermos campeões mundiais de futebol. Muita gente estava a pensar que com investimento se conseguia pôr os miúdos a gostar de matemática. Estava tudo já a imaginar o ministério da educação a gastar rios de dinheiro para fazer os 'putos' perceberem alguma coisa de números. Ora, o sucesso da selecção virá mostrar que cada povo tem que seguir a sua vocação. Assim como eu tenho vocação para assessor e o Professor tem vocação para presidente, também os miúdos portugueses têm especial vocação para futebolistas.

O mal da nação está em os governos quererem sistematicamente imitar os estrangeiros. Lá porque os miúdos de Singapura são bons a matemática logo que nascem, isso não quer dizer que agora os miúdos portugueses têm que o ser também em vez de seguirem as suas vocações específicas.

É o mesmo que lá porque há universidades japonesas em que aparecem gajos com os olhos em bico a querer aprender literatura portuguesa não é por isso que agora nós cá temos que obrigar os miúdos a apanharem esgotamentos a ler os Lusíadas e outras coisas ainda piores como os Maias que está provado só servem para produzir intelectuais de esquerda. Eu até que sou de esquerda mas como sou democrata acho que temos que respeitar as opiniões de todos em vez de obrigar as pobres criancinhas a ficar traumatizadas com conhecimentos que nem lhes passam pela cabeça. Além disso os nossos miúdos são muito inteligentes e desde cedo percebem que não há estudo que valha o que se ganha como jogador de futebol. Que fiquem nas profissões de baixo rendimento os tristes dos povos subdesenvolvidos que não têm cabeça para mais.

É portanto com muita alegria que estou na expectativa de sermos campeões do mundo. Se esta nossa vocação for bem gerida poderemos passar a ser reconhecidos mundialmente como uma potência. A Finlândia que se fique lá com os seus telemóveis que nós temos o 'know how' de como bem futebolar em toda a terra. Já estou a imaginar as academias portuguesas - e aí tenho que tirar o chapéu ao sporting pela visão que teve ao criar a academia de Alcochete - a produzirem fantásticas e arrebatadoras jogadas de laboratório para vender aos estrangeiros eternamente atrasados nestas questões. É portanto um dever patriótico apoiar a selecção. Hoje somos vinte três, amanhã seremos milhões.

Joaquim (assessor)

(Dezignio nassional aqui)

Monday, June 12, 2006

Estratégia

Os meus caros amigos, medalhados e não medalhados, devem ter-se apercebido da minha ausência que se passou em mais de um mês. Tinha dito à Umbelina para manter a chafarica a funcionar mas ela tem estado com um bocado de ciúmes por causa da estagiária Cátia e não postou como tínhamos combinado. Eu já lhe disse que estive fechado quase um mês com a Cátia na minha marquise oval em Blãe a preparar o discurso do Professor para o dia da raça. Ela gritou comigo que era mentira porque eu não teria escrito uma merda daquelas. Tive que lhe explicar que depois do meu imenso trabalho com a Cátia, a Professora teve que meter o bedelho e censurou as partes mais brilhantes do texto. Mesmo assim o que deu mais trabalho foi escolher os gajos para serem condecorados. Parece fácil mas havia quase dez milhões de candidatos. Não sei se sabem mas é muito raro o Português que não se acha um génio medalhável. Eu e a Cátia ficámos 'stressados' quando vimos as resmas de processos que havia para estudar. Então para simplificar arranjei uma estratégia de escolher as pessoas certas sem ambiguidades. Primeiro eliminámos os não brancos. Depois eliminámos os de sexo indefinido. A seguir eliminámos os esquerdistas, os 'new ages', os demasiado altos, os demasiado baixos, os ciganos, os muito velhos, os muito novos, os funcionários públicos, os drogados, os mais gordos e os mais magros e os empresários que ficaram envergonhados com o discurso do Jack Welch. Como ainda havia muitos e não tinha medalhas para todos, eliminámos os que morassem a mais de vinte quilómetros do Porto. Dos que sobraram eliminámos os que tinham passe social e algum sinal exterior de pedofilia. Chegámos assim à lista que teve muito poucas alterações da Professora. Hoje queria deixar-vos esta meditação exemplar de quando temos tarefas difíceis para realizar devemos usar uma estratégia adequada eliminando primeiro as coisas que são menos importantes e depois as outras. Além da meditação também quero deixar-vos a recomendação de porem a bandeira da selecção no estendal da janela. Não se esqueçam que esse pode ser um critério de selecção para os medalhados do próximo ano.

Joaquim (assessor)


(Extratéjia original)